sexta-feira, 14 de agosto de 2009

TERREIRO DE MATAMBA TOMBENCI NETO 124 ANOS DE HISTÓRIA

O Terreiro de Matamba Tombenci Neto, terreiro de candomblé de nação angola, tem uma longa tradição na cidade de Ilhéus-BA. Dirigido hoje por Mameto Mukalê (Ilza Rodrigues), Sua história teve início ainda no século XIX, mais precisamente no ano de 1885, quando Tiodolina Félix Rodrigues, a Nêngua de Inkice Iyá Tidú, avó de Mameto Mukalê, fundou o Terreiro Aldeia de Angorô.
Iyá Tidu fundou o Terreiro Aldeia de angorô em 1885 em Ilhéus - Ba

Em 1915, após o falecimento de Iyá Tidú, seu filho Euzébio Félix Rodrigues, o Tata de Inkice Gombé, deu continuidade ao Terreiro, dando-lhe o nome de “Terreiro de Roxo Mucumbo”. Tata Gombé conduziu a casa até 1941, quando faleceu.


Foto: Euzébio Felix Rodrigues(Tata Gombé)


Em 1946, Izabel, irmã de Tata Gombé, completou suas obrigações com Mameto Kizunguirá, filha-de-santo de Maria Neném, a fundadora do Terreiro Tombenci em Salvador. Izabel Rodrigues Pereira, a famosa D. Roxa, ou Mameto Bandanelunga, assumiu, então, a condução da casa, que agora passaria a ser chamada “Terreiro de Senhora Sant’Ana Tombenci Neto”. D. Roxa tornou-se, assim, uma das mais importantes mães-de-santo da história de Ilhéus e de toda a Bahia.
Foto: D.Roxâ e seu marido o Tata Kandenbura

Em 1973, D. Roxa faleceu. Dois anos depois, em 1975, sua filha Ilza Rodrigues, dando continuidade a seu trabalho, passou a conduzir o Terreiro, daí em diante chamado de “Terreiro de Matamba Tombenci Neto”. Há mais de 30 anos à frente do Tombenci, Mameto Mukalê continua conduzindo esta casa com garra, dedicação e dignidade, elevando cada vez mais alto o nome do Tombenci e da nação angola, com a proteção de todos os inkices.


foto: Mãe Ilza Mukalê

Hoje, o Terreiro de Matamba Tombenci Neto é um dos mais destacados representantes das casas de religiões de matriz africana em Ilhéus e em todo o sul baiano. E é também uma referência social para a comunidade da Conquista, bairro onde está situado.
No âmbito cultural e social, o Terreiro sempre foi sede de atividades como palestras, debates, encontros, apresentações musicais, de dança e teatrais, exposições, sessões de cinema, e assim por diante.
Além de, no passado, ter abrigado um afoxé, a partir de 1986, o Terreiro foi o palco da constituição e do desenvolvimento do Grupo Cultural e Bloco Afro Dilazenze, que, ao longo dos anos, tem desenvolvido uma série de atividades sociais e culturais, além de brilhar no carnaval de Ilhéus. Em 2004, o Tombenci foi também o espaço em que foi criada a Organização Gongombira de Cultura e Cidadania, uma Organização Não-Governamental (ONG), sem fins lucrativos, cujos objetivos primordiais são a preservação, valorização e divulgação da cultura negra na sociedade, bem como a luta contra o racismo e a discriminação.
Em março de 2005, foi criada ainda a Associação Beneficente e Cultural Matamba Tombenci Neto, com a missão de proporcionar ao Terreiro uma atuação mais efetiva visando ao bem-estar de sua comunidade. Dentre alguns dos seus principais objetivos, estão: desenvolver projetos e atividades beneficentes que visem à promoção gratuita de ações culturais, educacionais, profissionalizantes, de entretenimento e lazer para a comunidade e todo o seu entorno; e colaborar na elaboração e desenvolvimento de projetos e atividades relacionadas aos campos da geração de renda, saúde coletiva, desenvolvimento sustentado e preservação do meio ambiente.
Em novembro de 2006, foram criados e inaugurados o Memorial Unzó Tombenci Neto, que reúne material oriundo da longa história do Terreiro, e a Galeria Ingué Kaitumba, que expõe fotografias dos antepassados e líderes do Tombenci.
A Associação também visa a preservação e divulgação do candomblé de nação angola, religião afro-brasileira praticada no Terreiro Matamba Tombenci Neto, fomentando o respeito ao legado de seus antepassados, exercendo a caridade de acordo com os preceitos do rito angola e divulgando a sabedoria e o conhecimento acumulados ao longo de sua história.

2 comentários:

  1. A Mameto Mukalê, Mãe Ilza Rodrigues, é uma das finalistas do Prêmio Culturas Populares 2009 – Mestra Dona Izabel

    O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), publicou no Diário Oficial da União (Seção 3, páginas 33 a 51) desta quinta-feira, 26 de novembro, o Edital nº 14, com a lista dos habilitados no Concurso Público Prêmio Culturas Populares 2009 - Edição Mestra Dona Izabel. Serão selecionadas as 195 iniciativas mais significativas. Cada premiado receberá o valor de R$ 10 mil, totalizando um investimento de cerca de R$ 2 milhões. A Mãe Ilza Rodrigues é uma das finalistas na categoria que premiará mestres do saber popular. O Terreiro Matamba Tombency Neto também concorre na modalidade iniciativa informal.

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  2. Cacau manda um abraco para todos. Resusitei.
    Eu quero telefone de la.

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